Devo a meu público infantil uma coletânea de poemas dedicados às crianças. Isso não me sai da cabeça, mas sempre os afazeres de adulto me corrompem e vou enrolando a mim e a meu grande público de pequenos leitores.
Prometi – e tenho em adiantado processo – um livro infantil dedicado à Clarinha... A menina amiga do vento, que tem a serra no olhar e os cabelos ora em interrogações, ora em exclamações...
Impiedoso, Cronos, em sua grega divindade, não permite pausa para inspirar, para pensar e, que dirá, para escrever..
E o tempo atropela meus planos.
Em meio aos acidentes cronológicos passam-se os dias, meses e anos. Vejo a Clarinha se esticando em graça e sabedoria. Já está uma mocinha! E aqueles pequeninos admiradores de dois, três anos atrás? Daqui a pouco são adolescentes, que poderão me olhar com a revolta própria da idade por não lhes ter entregado os inocentes poemas aos quais me propus dedicar metafórica linguagem.
Os versos se misturam ao meu olhar contemplativo e sei que devo escrever rápido, enquanto ainda são crianças. Antes que elas cresçam.
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